TRABALHO FORÇADO E DEGRADANTE NO SETOR DA MARINHA MERCANTE INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI: ATUALIZAÇÕES E COMPARAÇÕES COM OS TRABALHOS DE TERRA - DOI: 10.12818/P.0304-2340.2020v77p263

Autores

  • Valter Zanin

Resumo

O artigo discute as formas de trabalho forçado e degradante no setor da marinha mercante internacional no século XXI, elaborando estimativas sobre o número e nacionalidade dos marinheiros sujeitos a estas formas de coerção.
Os traços distintivos do trabalho maritimo são contrários daqueles característicos de grande parte do trabalho forçado em terra: de fato, o trabalho marítimo é estratégico, produtivo, altamente regulamentado pelos Estados
e organizações internacionais, apresenta altissima intensidade de capital, elevados salários e uma força de trabalho qualificada e internacionalizada - tanto que a OIT nunca mencionou os marinheiros nas suas estimativas do trabalho forçado e que até hoje existe somente uma monografia, publicada em 2007 pelo autor deste artigo, discutindo
sistematicamente do assunto e elaborando as relativas estimativas. No artigo, são descritas as principais formas de trabalho forçado no mar no início do século XXI, atualizando e especificando as estimativas apresentadas em 2007. Entre outras fontes, são analisados os relatórios anuais do Committee of Experts on the Application of Conventions and Recommendations (CEACR) da OIT, que monitaram a conformidade dos códigos de navegação dos Países que assinaram a Convenção OIT n. 105, de 1957 sobre o trabalho forçado. Desde que a OIT não considera nas suas estimativas do trabalho forçado nem os casos denunciados pelo mesmo CEACR, o artigo, a partir de uma possivel
generalizaçao dos métodos elaborados pelo trabalho no mar e da sua aplicação para o trabalho forçado em terra, avança algumas críticas e revisões das estimativas do trabalho forçado no mundo produzidas pela OIT.

Referências

AMANTE, Margtas, Industrial Democracy in the Rough Seas: The Case of Philippine Seafarers, 1° ed., Cardiff, SIRC, 2003.

BELSER, Patrick - COCK, Michaëlle De - MEHRAN, Farhad, ILO Minimum Estimate of Forced Labour in the World, 1° ed., Geneva, International Labour Organization, 2005.

BIMCO/ISF, Manpower Update. The worldwide demand for and supply of seafarers. Main report, 1° ed., Warwick, University of Warwick - Institute for employment research (IER), 2005.

BIMCO/ISF, Manpower Update. The worldwide demand for and supply of seafarers. Main report, 1° ed., Warwick, University of Warwick - Institute for employment research (IER), 2010.

BIMCO/ISF, Manpower Update. The worldwide demand for and supply of seafarers. Main report, 1° ed., Warwick, University of Warwick - Institute for employment research (IER), 2015.

ICFTU (International Confederation of Free Trade Unions), Annual Survey of Trade Union Rights Violations (2006), 2007. Disponível em: https://www.tssa.org.uk/download.cfm?docid=63FBD89E. Acesso em: 02/08/2018.

ILO (International Labour Organization), Report of the Committee of Experts on the Application of Conventions and Recommendations (General annual Reports and observations concerning particular countries), Geneva, ILO, 1932-2017.

ILO, Stopping forced labour. International Labour Conference (89th session2001), 1° ed., Geneva, ILO, 2001.

ILO (International Labour Organization - Sub-group of the High-Level Tripartite Working Group on Maritime Labour Standards), An Analysis of the Essential Aspects of Decent Work in the Maritime Context, 1° ed., Geneva, ILO, 2002.

ILO (International Labour Office), Le coût de la coercition. Rapport du

Directeur Général, Conférence International du Travail, 98° session, 2009, Geneva, Bureau International du Travail, 2009. Disponível em: www.ilo.org/declaration. Acesso em: 23/09/2018.

ILO - Walk Free Foundation - IOM (International Organization for Migration), Global estimates of modern slavery: forced labour and forced marriage, 1° ed., Geneva, ILO, 2017.

ITF (International Transport-workers Federation), Access denied. Implementing the ISPS Code, 1° ed., London, ITF Publications, 2007.

LANE, Tony - OBANDO-ROJAS, Bernardo - WU, Bin - TASIRAN, Ali, Crewing the International Merchant Fleet, 1° ed., Redhill, Lloyd’s Register - Fairplay Ldt, 2002.

MONDAINI, Gennaro - CABRINI, Angiolo, L’evoluzione del lavoro nelle

colonie e la Società delle Nazioni, 1° ed., Padova, CEDAM, 1931.

US DEPARTMENT OF TRANSPORTATION-Maritime Administration,

Foreign-Flag Crewing Practices. A Review of Crewing Practices in US

Foreign Ocean Cargo Shipping, 1° ed., Washington (DC), US Department of Transportation-Maritime Administration, 2003.

WU, Bin (2008), Vulnerability of Chinese contract workers abroad: A case of the working conditions and wages of Chinese seafarers, Nottingham, China Policy Institute - University of Nottingham, discussion paper n. 32, 2008. Disponível em: http://www.nottingham.ac.uk/cpi/publications/discussionpapers. Acesso em: 01/06/2018.

ZANIN, Valter, I forzati del mare. Lavoro marittimo nazionale, internazionale, multinazionale. Problemi metodologici e linee di ricerca, 1° ed., Roma, Carocci, 2007.

ZANIN, Valter, Trabalho não livre, forçado, escravo: problemas definitórios e metodológicos para o estudo diacrônico-comparativo do fenômeno, In: REZENDE FIGUEIRA, Ricardo - ANTUNES PRADO, Adonia - GALVÃO, Edna Maria (orgs.), Trabalho escravo contemporâneo: estudos sobre ações a atores, 1° ed., Rio de Janeiro, Mauad Editora Ltda., pp. 309-324, 2017.

Downloads

Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Dossiê Temático