SIGNIFICAR O MUNDO: A EDUCAÇÃO HISTÓRICA COMO PERSPECTIVA DE ENFRENTAMENTO AO TRABALHO ESCRAVO - DOI: 10.12818/P.0304-2340.2020v77p195

Autores

  • Moisés Pereira da Silva

Resumo

O intelectual alemão Jörn Rüsen, partindo da problematização da educação na Alemanha da década de 1970, desenvolveu uma proposta de ressignificação da didática da história que a desvincula da chamada pedagogia da instrução e, aproximando ensino de história e teoria da história, pensa o ensino de história a partir do desenvolvimento da consciência histórica dos sujeitos do processo educativo. O pensamento pedagógico brasileiro produziu, a partir de Paulo Freire e da sua defesa da educação como processo político de desenvolvimento da
consciência crítica, proposta que se aproxima e pode dialogar com a escola Alemã. A perspectiva freireana, somada às contribuições de outros intelectuais engajados com a educação no Brasil, constituiu pressuposto teórico para o desenvolvimento de uma prática docente que, situada no contexto rural do sudeste paraense, procurou aproximar o
pensamento de Rüsen e de Paulo Freire num ensaio propositivo de educação preventiva ao trabalho escravo. É dessa experiência pedagógica, e das reflexões teóricas nela imbricadas, que trata esse texto. Destarte, o
objetivo dessa comunicação é problematizar experiências docentes em quatro comunidades rurais do Estado do Pará, no âmbito da quarta Unidade Regional de Ensino, Marabá, em que se procurou, na perspectiva teórica de Rüsen
e Freire, empreender ações pedagógicas de enfrentamento ao trabalho escravo.

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Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Dossiê Temático