FERIDAS DA ALMA: ANÁLISE DA TIPIFICAÇÃO DO ESTUPRO COMO GENOCÍDIO À LUZ DE UMA CRIMINOLOGIA FEMINISTA | DOI: 10.12818/P.0304-2340.2018v73p479

Autores

  • Maurício Gonçalves Saliba
  • Luiz Fernando Kazmierczak
  • Brunna Rabelo Santiago

Resumo

O presente trabalho aborda a possibilidade de se considerar o estupro como crime de guerra e, ainda, a possibilidade de tipifica-lo como crime de genocídio. Dessa forma, busca-se demonstrar a possibilidade de se conceituar um ato enquadrado em crime individual como crime contra a humanidade, quando o estupro visar à exterminação de grupos humanos. Fundamenta-se o exposto em uma concretização da criminologia feminista, como meio de se considerar a mulher em sua humanidade no contexto da criminalidade, garantindo assim, a visualização da situação de exclusão da qual esta é vítima, presente tanto no contexto dos conflitos armados, quanto em tempos de paz. A partir do estudo do estupro tipificado como crime contra a humanidade, de correntes feministas e criminológicas, tratam-se nesta pesquisa do grande número de estupros em situações de guerra, da misoginia presente na violência sexual perpetrada contra as mulheres e da importância de se conceituar esse crime de acordo com sua dinâmica, seja como crime de violência sexual ou como genocídio. Desenvolveu-se esta pesquisa, a partir da utilização do método dedutivo como método de abordagem, bem como de técnicas de pesquisa indireta bibliográfica, por meio de estudos pautados, em principal, nas obras de Susan Brownmiller e Soraia da Rosa Mendes.



Referências

ALVARENGA, Lúcia Barros Freitas de. Discriminación y violência contra la mujer. Porto Alegre: Nuria Fabris, 2011.

ALVES, Fernando de Brito. Constituição e participação popular: a construção histórico-discursiva do conteúdo jurídico-político da democracia como direito fundamental. Curitiba: Juruá, 2013.

______; PEGORER, Mayara Alice Souza. Direitos da Mulher: Alguns aspectos polêmicos quanto à afirmação da igualdade e a efetivação dos direitos sexuais e reprodutivos. In: MAIA, Jorge Sobral da Silva; BIANCON, Mateus Luiz (orgs.). Educação das relações de gênero e em sexualidades: reflexões contemporâneas. Curitiba: Appris, 2014.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: Hannah Arendt. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

BIROLI, Flávia. Autonomia, dominação e opressão. In: MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2014.

BROWNMILLER, Susan. Against our will: men, women and rape. Nova York: Fawcett Books, 1975.

CHOUKR, Fauzi Hassan; AMBOS, Kai (orgs.). Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2000.

ESPINOZA, Olga. A mulher encarcerada em face do poder punitivo. 1ª ed. São Paulo: IBCCRIM, 2004.

GALEANO, Eduardo H. As veias abertas da América Latina. Trad. de Sérgio Faraco. Porto Alegre, RS: L&PM, 2015.

KAZMIERCZAK, Luiz Fernando. Direito Penal constitucional e exclusão social. Porto Alegre: Núria Fabris Ed, 2010.

KNIBIEHLER, Yvonne. História da virgindade. Trad. Dilson Ferreira da Cruz. São Paulo: Contexto, 2016.

MENDES, Soraia da Rosa. Criminologia feminista: novos paradigmas. São Paulo: Saraiva, 2014.

MORAES, Thaís Guedes Alcoforado de; COIMBRA, Bruna Dias. Estupro como arma de guerra no Direito Internacional: uma análise crítica a partir do conflito na República Democrática do Congo. Trabalho publicado nos Anais do XXIV Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Aracaju-SE, nos dias 11 a 14 de novembro de 2015. Disponível em: <http://www.conpedi.org.br/publicacoes/c178h0tg/phc1kv31/n3GXux2Ub2HD8oy2>. Acesso em: 15 set. 2016.

NUCCI, Guilherme de Souza et al. O crime de estupro sob o prisma da Lei 12.015/2009 (arts. 213 e 217-A do CP). Revista dos Tribunais, São Paulo. Impresso. 2010, v. 902, p. 395-422.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU]. Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. 1948

______. Assembleia Geral. Resolução 96.11 de dezembro de 1946.

______. Security Council. Conflict-related sexual violence. Report of the Secretary-General.United Nations Security Council S/2014/181. 2014. Disponível em: <http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/2014/181&referer=/english/&Lang=E>. Acesso em: 30 ago. 2016.

______. ONUBR. TPI sentencia ex-vice da RD Congo a 18 anos de prisão por crimes de guerra. 2016. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/tpi-sentencia-ex-vice-da-rd-congo-a-18-anos-de-prisao-por-crimes-de-guerra/>. Acesso em: 20 ago. 2016.

PIOVESAN, Flávia; IKAWA, Daniela Ribeiro. O Tribunal Penal Internacional e o Direito brasileiro. In: PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2009.

PORTO, Maria Stela Grossi. A violência entre a inclusão e a exclusão social. Tempo Social; Rev. Soc., 2010. USP, São Paulo, v. 12, n.1.

SAFFIOTI, Heleieth. Gênero Patricarco Violência. 2. Ed. São Paulo: Expressão Popular, Fundação Perseu Abramo, 2015.

SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad. Laura Teixeira Motta; revisão técnica Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia das Lestras, 2010.

TIBURI, Márcia. A máquina misógina e o fator Dilma Rousseff na política brasileira. Revista Cult, 2016. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/07/a-maquina-misogina-e-o-fator-dilma-rousseff-na-politica-brasileira/. Acesso em: 28 set. 2016.

TREVISAN, Cláudia. O estupro de Nanquim. Jornal Online Estadão, 2009. Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/blogs/claudia-trevisan/o-estupro-de-nanquim/>. Acesso em: 04 jun. 2016.

TRUZ, Igor; CALIXTO, Dodô. "Na Ditadura Brasileira o Estupro era usado como Arma de Guerra". Amelinha Teles, Militante Comunista Torturada No Doi-Codi/Sp. Opera Mundi: São Paulo, 2014. Disponível em: <http://maratcalado.blogspot.com.br/2015/01/na-ditadura-brasileira-o-estupro-era.html>. Acesso em: 04 jun. 2016.

VITO, Daniela de; GILL, Aisha; SHORT, Damien. A tipificação do estupro como genocídio. Revista SUR. Revista Internacional de Direitos Humanos. Ed. 1. v. 6, n. 10. jan/2004, 2009. Disponível em: < http://www.conectas.org/pt/acoes/sur/edicao/10/1000337-a-tipificacao-do-estupro-como-genocidio>. Acesso em: 01 nov. 2016.

Downloads

Publicado

2018-12-20

Edição

Seção

Artigos